
Revolve-se em sua concha,
Revira-se em sua casca,
Olha para todos os lados
E contempla a última cena de seu espetáculo.
Nas limitações de uma estrutura
Que revelar-se-á ter seu fim,
Na qual enclausura-se
E dela pede libertação,
Os olhos lívidos e estatelados
Por um momento repousam,
Olhando para tudo
E ao mesmo tempo para nada.
Ora a luz incomoda,
E até mesmo a brisa,
Que lhe afaga pela última vez,
Aparenta mais o esfregar
De espinhos numa panela.
No entanto,
O virar de uma folha
Ao soprar do vento
Torna-se o carinho
Mais precioso que já viu,
E sua luz, um conforto.
E de repente,
Já não é mais.
A luz
– Não consola, nem incomoda.
A brisa
– Nada pode fazer.
Adormeceu.