A Poeira dos Pêndulos

(Tema)

Prelúdio

Em nossas mentes
Há um pêndulo
Chamado Escolhas.
Ele oscila entre os polos
Da lógica e da emoção

Com precisão rítmica
Que não é uma precisão
Nem fruto do acaso

Encaixotado em madeira velha
Reluz atrás de um vidro espelhado
Mas seus limites são imponderáveis

Você talvez me diga: não!
Que pode ser perfeito, oh
Que tamanha pretensão…

Mas quando o sol arder
E sua luz passar pelos vitrais
Eu e você veremos as cinzas
Que descansa nos castiçais.

E talvez nos lembremos de que somos
Tal como a poeira dos pêndulos
Aos quais vamos regular
Antes que nos atrasem
Em seu relapso temporal.

Mas há quem talvez diga: não!
E as feições retorça quando damos
Um convite entregue pela mão.
A sabedoria então acaba
Onde a pretensão começa.
E será capaz de dizer
Ante a regulagem mestre do universo
Que o pulsar exímio de seus ponteiros
Não exigiu mãos que a fizessem?

Então, vais declinar do meu convite
Ou aceitas por mera cortesia?
Vamos abrir os olhos fechando-os
Para a real mensuração
Do sabor agridoce de ingredientes
Da dispensa da lógica e da razão.

Sem embargo, antes que venhas
Permita-me perguntar
Para que a pretensão não nos detenha:
Afinal, que horas são?


Cena I

Contemple a abertura triunfal
Quando de seu assento na plateia
Vês se abrir a cortina
Da orquestra universal.

Da centelha de pura energia
Transformando-se em matéria pois
Em sua distorção sem precedentes
Rompe os lacres do horizonte atemporal.

Consegues ver o Eixo Mestre em ação
Que engenha e propulsiona tal dimensão?
Não, não o vês,
Pois de fato há mil engenhos
E engrenagens fantásticas demais
Com molas retorcidas em seus eixos
Que nublam quem gostarias de contemplar!
No entanto, não é que o vês?!


Cena II

O universo
É a caixa de engrenagens
Do relógio admirável
Daquele que o criou.


Cena III

O cheiro de relva molhada
A luz matinal que me aquece
Entram nas frestas esguias
Que perpetram o meu ser.

E ao pôr-se a caminhar
Na cadência do coração
Vai de certo enxergar
O livro da criação.

Árvores – majestade
O equilíbrio – seu saber
Pássaros – seu amor
Quedas d’água – seu poder!

E, ao ver seus braços rodear
Ao seu redor, pelo que Ele fez
Pode ouvi-lo perguntar:
O que você vai fazer?

O que você vai fazer
Perante o amor de Jeová?


Cena IV

Reviremos livros, Sofia
Reviremos as páginas do saber.
As escadas os possuem mais
Que os que empregam
Tinta e papel a coser.

Que tal usarmos tais
Para que ascendam nos degraus
E vejam mais além
Que as prateleiras que os cercam?

Destruam, ponham fim a estas
Que obscurecem e turvam o olhar
E que, como muralhas
Servem-se para arrogantes esconder!

Exponham-nos
Deitem-nas abaixo!
Reduzam tudo a pó
Para que a verdade possam enxergar!